O revolucionário cubano que morreu ontem, riria bem alto do título acima como ateu convicto que era, mas conhecia perfeitamente todo amor e todo ódio que sempre pairaram sobre suas costas durante toda sua vida, e sabia também, que em sua biografia constaria os avanços da medicina, da educação, do esporte e o fim da desigualdade social (pela pobreza, é importante ressaltar), mas também apareceriam, os excessos do guerrilheiro sagaz e do ditador inquestionável que foi durante toda sua trajetória.

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Fidel era a maior referência viva do comunismo no mundo, um sistema que foi sendo modificado ou extinto depois do fim da Guerra Fria, mas que na ‘Cuba de Fidel Castro’, como ficou conhecido o arquipélago caribenho, o comunismo permaneceu fiel a seus princípios, tanto aos bons quanto aos péssimos.

Eu particularmente, não acredito que haja ditador bom. Seja de esquerda ou de direita.

Castro e o ex-presidente do Brasil Lula da Silva (na esquerda) em 2003.

Castro e o ex-presidente do Brasil Lula da Silva (na esquerda) em 2003.

Qualquer sociedade de seres humanos precisa opinar sobre seu destino, precisa de liberdade de decisão, direito de ir e vir, de qualidade de vida, e claro, precisa ter o direito de escolher se quer mudar de rumo.

Não acredito que nenhum homem e que nenhuma mulher que já pisou no Planeta Terra, tenha tido todas as respostas para o mundo, logo, nosso ponto de partida deve ser sempre, o do compartilhamento de decisões entre todos nós.

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Fidel Castro se reúne com o presidente venezuelano Hugo Chávez e seu irmão Raúl Castro.

O comunismo nasceu tentando levar a todos o direito à participação no Estado, no governo. Nasceu para dar igualdade a todos, e não para deixar todas as decisões centralizadas em uma elite dirigente, e matar quem discordasse. Mas infelizmente, essa foi a realidade de todos os países que adotaram o comunismo no mundo.

Sempre acabaram com a sociedade de classes, criando uma elite dirigente e de protegidos, com diversos privilégios dados somente àqueles que se moldavam ao sistema. A aversão ao livre mercado, acabou com a industrialização e o crescimento econômico de todos os países que adotaram o comunismo, e a pobreza foi sempre uma característica comum desse sistema de governo.

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Fidel Castro com Che Guevara, frente-a-frente.

Agregado a isso, sempre tivemos a imposição de leis pela elite dirigente, com o afogamento de qualquer oposição, exílios, torturas, prisões e diversos assassinatos. No caso de Cuba em específico, foram pais e filhos separados, muitos cubanos mortos, e uma Miami de descontentes fazendo um verdadeiro carnaval pela morte do ditador.

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Fidel Castro tinha alguns amigos famosos. Um deles é o argentino Diego Armando Maradona.

Os méritos de Fidel em relação ao comportamento igualitário entre os cubanos, e mais uma vez, os avanços conseguidos na saúde e educação, são incontestáveis. Porém, seus atos de terror também são.

Por isso tudo, enxergo no comunismo as mesmas mentiras do capitalismo e dos políticos populistas de direita que propõem melhoras para as pessoas ignorantes, mas nunca entregam o que prometem.

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Fidel Castro com Papa Francisco.

Fidel foi bom e mau. Foi um ser humano diferenciado que chamou a atenção de todo mundo. Fez coisas muito legais e também já acabou com a vida de muita gente decente que deveria estar respirando ainda, e nunca sequer pediu desculpas a ninguém pelos erros que cometeu.

Dilma Rousseff com Fidel Castro em Havana.

Dilma Rousseff com Fidel Castro em Havana.

O que mais dizer?

Pela lei universal da causa e efeito, ele deve ir para o mesmo lugar que todos os ditadores vão, um lugar onde todos querem mandar nos outros e abominam ideias contrárias. Um lugar de pouca harmonia e nenhum entendimento entre homens, mulheres e monstros.

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Recentemente, um presidente americano negro visitou Cuba para colocar o fim ao embargo imposto a eles há décadas Deixando a maioria das pessoas dos EUA bastante insatisfeita, Obama contrariou republicanos e alguns democratas de seu partido também, e foi até Havana – uma cidade que parou no tempo, que ainda parece estar vivendo há 60 anos atrás, cheia de pobreza e insatisfação com a qualidade de vida do país, fechada para o mundo, sem internet, sem informação sobre o resto do Planeta – e o que aconteceu? Fidel Castro se recusou a receber Barack Obama.

Barack Obama e Raul Castro

Barack Obama e Raul Castro

Não soube separar o joio do trigo. Sessenta anos depois, o homem mais poderoso do mundo enfrenta gregos e troianos em seu próprio país, se arrisca politicamente a perder apoio, para integrar Cuba ao mundo, e Fidel se recusa a recebê-lo para uma visita e ainda o chama de imperialista. Queria muito que ele vivesse para ver o mandato do Trump e testemunhar a diferença. Contudo, ele se foi, aos 90 anos.

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O que mais dizer?

Vai com Deus, Fidel. Mas não deixe de ir sem saber que em Cuba, existe hoje o respeito pelos seus bons feitos, mas muito mais alívio e vontade de vida nova, do que qualquer coisa.

Anúncio da morte de Fidel na banca de jornais em Oaxaca, México.

Anúncio da morte de Fidel na banca de jornais em Oaxaca, México.

E em ‘Little Havana’ em Miami, a segunda Cuba no mundo, cubanos e cubanas expulsos, fugidos de morte e desesperados que atravessaram o mar para fugir de você e de sua ditadura, fazem hoje, carnaval por sua partida.

Paul Sampaio, perfil, 1  Paul Sampaio – Autor

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Fidel Alejandro Castro Ruz

Fontes Biográficas: Wikiwand

Fidel Castro foi um político e revolucionário cubano que governou a República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente de 1976 a 2008. Politicamente, era nacionalista e marxista-leninista.

Ele também serviu como primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011.

Sob sua administração, Cuba tornou-se um Estado socialista autoritário unipartidário; a indústria e os negócios foram nacionalizados e reformas socialistas foram implementadas em toda a sociedade.[3]

Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos.[2]

(GERMANY OUT) Fidel Castro - Revolutionary, Politician, Cuba*13.08.1926-adressing- 1960ies (Photo by Jung/ullstein bild via Getty Images)

Opositores

Dissidentes cubanos entraram com uma queixa perante o Supremo Tribunal da Espanha, a mais alta corte da justiça espanhola, em 14 de Outubro de 2005, acusando de Fidel Castro de genocídio, crimes contra a humanidade, tortura e terrorismo.

De acordo com um relatório publicado em 10 de janeiro de 2005 por a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, ainda existem 294 presos políticos em Cuba, contra 317 no início de 2004. De acordo com o relatório, em 2004, pelo menos 21 pessoas foram presas por razões políticas. Ele também lembrou que o governo cubano continua a negar o acesso a prisões ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em 23 de Abril de 2003, membros do grupo Repórteres sem Fronteiras (RSF), acompanhados por um repórter do jornal 20 minutes, do cineasta Romain Goupil, da escritora Zoé Valdés e do filósofo e colunista Pascal Bruckner manifestaram-se em frente da embaixada de Cuba em Paris contra a condenação de 78 cubanos acusados de “conspiração”. Eles bloquearam as entradas com correntes e cadeados e confrontaram o pessoal da embaixada[70][71][72][73]

No total, pelo menos seis membros de sua família vivem nos Estados Unidos, no bairro de Little Havana em Miami: sua irmã,[47] duas filhas [50] e três de seus netos, que levam, em geral, uma vida longe da mídia.

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Irmãos inseparáveis – Raúl Castro esteve ao lado de Fidel no ataque ao Quartel Moncada, durante o exílio, em batalhas e no poder.

Patrimônio

Em julho de 2014 foi publicado o livro “A vida Secreta de Fidel“, escrito por Juan Reinaldo Sanchez um ex-guarda-costas de Fidel. Sanchez, que fora preso em Cuba e acusado de traição exilou-se nos Estados Unidos em 2008, onde conheceu o jornalista francês Axel Gyldén que o ajudaria a escrever o livro.[51]

O autor afirma que Fidel nunca abandonou o capitalismo e cita entre seus bens algumas extravagâncias como a posse de uma ilha particular, uma reserva pessoal de caça, uma marina com quatro iates de alto luxo, um barco de pesca e pelo menos 20 residências igualmente recheadas de conforto. O livro ainda afirma que Fidel teria um enorme aquário cheio de golfinhos e tartarugas, que gosta de exibir a familiares e a amigos mais próximos.[52]

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Em 2005 a revista Forbes especulou que o patrimônio de Fidel Castro atingiria aproximadamente 550 milhões de dólares. A Forbes chegou a esse número pela soma do patrimônio das empresas estatais do governo de Cuba. Com essa fortuna acumulada, especulou a revista, ele teria alcançado o décimo lugar na categoria “governantes e membros da realeza mais ricos do mundo”.[53]

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Uma das últimas vezes em que ele foi visto foi durante a visita do presidente do Vietnã Tran Dai Quang neste mês de novembro de 2016.

A Forbes disse à BBC que, para estimar a presumível fortuna de Fidel, calculou o valor de mercado de várias empresas estatais cubanas, e atribuiu um percentual do valor assim obtido ao patrimônio pessoal de Fidel Castro. Um porta voz da revista confirmou à BBC que a revista não tem nenhuma prova de que Fidel Castro tenha contas bancárias no exterior, embora a revista mantenha que Fidel teria “uma fortuna”.[54]

Tais dados foram negados por Fidel no ano seguinte, ao considerar a notícia como uma infâmia com o objetivo de desprestigiar a revolução cubana “anular Cuba e pintar Castro como um ladrão“.[55] Na oportunidade, Fidel Castro desafiou:

Se eles provarem que tenho um conta no exterior de 900 milhões, de um milhão, de 500 mil, de 100 mil ou de um dólar, eu renuncio a meu cargo e às funções que desempenho.

Fidel ainda alegou que a revista estaria ligada aos serviços de inteligência dos Estados Unidos, e afirmou que o próprio presidente Ronald Reagan teria nomeado o editor da revista para o cargo de coordenador das transmissões de rádio da Voz da América dirigidas à União Soviética durante a Guerra Fria.[54] Ainda, segundo Fidel, muitos meios de comunicação, por todo o mundo, estariam buscando, “de maneira suja e baixa, desprestigiar a Revolução, anular Cuba e pintar Castro como um ladrão”.

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Fidel Castro nasceu em 1926 em uma família rica de fazendeiros.

Escrito por Paul Sampaio

PAUL SAMPAIO CHEDIAK ALVES é professor, locutor, apresentador de rádio e TV, web designer e o criador da REDE SAMPAIO de Sites.