Brasileiros reconhecem novos ídolos
Felipe Massa em seu último GP de F1 no Brasil, num domingo bastante chuvoso, protagonizou em sua despedida da categoria, da torcida e colegas de fórmula 1, uma cena emocionante que tocou até os experientes profissionais da TV Globo, a ponto de fazê-los engasgar com o choro que queria acontecer.
Foi a imagem do reconhecimento do trabalho feito pelo piloto por toda uma vida, mas acima de tudo, foi a prova de toda a humanidade e caráter do brasileiro durante sua carreira, com os companheiros das equipes por onde trabalhou e com seus adversários também.
Em sua caminhada de volta para os boxes depois de uma escorregada enquanto andava muito rápido por uma corrida de recuperação na chuva, que causou diversas rodadas, batidas e interrupções no GP do Brasil de 2016, Massa chorou com o carinho da torcida que o ovacionava, e com a receptividade de todas as equipes que o aplaudiram enquanto chegava ao box da Williams, sua equipe.
Foi impossível não lembrar de Senna, Rubinho, Piquet, Emerson e tantos outros nomes de nosso automobilismo. Momentos assim, nos fazem viajar no tempo com muita facilidade.
Enquanto na sala de estar das casas de muitos brasileiros, alguns provavelmente debochavam daquele ídolo do esporte brasileiro, por não ter sido um campeão fabuloso como foi Ayrton Senna, lá em Interlagos, todos pensavam diferente.
Acredito que cenas assim, um dia, acabarão mudando nossa maneira de ver e entender o esporte e o nossos esportistas.
Pessoas como Senna e Pelé, podem até servir de espelho, motivação, exemplo, contudo, não podem jamais, servirem como parâmetros de rendimento. Não podemos comparar as pessoas comuns com os extraordinários, caso contrário, ninguém mais entre nós terá valor algum. Precisamos separar os gênios e seus resultados, do rendimento mediano de todos nós.
Além do esportista, também existe o ser humano, e ali, o resultado que faz a diferença ao estabelecermos inconscientemente nossos ídolos, é a sinceridade, generosidade, carisma e a quantidade de amigos e admiradores que ele é capaz de fazer. E aí, pronto. Lá estamos nós, nos identificando com um novo ídolo, e nos sentindo representados por ele.
Eu também chorei claro … e como foi gostoso poder me emocionar com o automobilismo novamente.
E não importa que foi pelo conjunto da obra do Felipe Massa na F1, e não pela conquista de um campeonato.
Precisamos de mais ídolos e líderes que nos deixem bons exemplos, e Felipe foi e sempre será um deles.
Basta fazer uma simples pergunta para identificar se você também já enxerga isso, mesmo que ainda tenha uma opinião diferente.
Experimente responder o seguinte: se você tivesse que ser outra pessoa, e não pudesse ser o Ayrton Senna, você aceitaria ser o Felipe Massa e ter feito o que ele fez em seu trabalho?
Paul Sampaio – Autor
Paul Sampaio 