Ladrão no telhado às 5:25. A polícia ao redor gritando uns para os outros, a melhor maneira para pegar o ladrão, que de bermudas e um boné na mão, aparentemente desarmado, corria sobre minha casa, assustadíssimo, com olhos de quem fumou bastante crack.
Os carros da polícia cercavam o perímetro, cantando pneus. Adrenalina em dose cavalar, em plena manhã de sexta-feira.
O barulho do ladrão pisoteando as telhas da minha casa, deu um enorme susto em mim, que já estava acordado no computador, e ainda mais nos cachorros e gatos, que estavam dormindo. Minha esposa no quarto, não acordou.
Saltei instantaneamente da cadeira, e fui ver o que estava acontecendo.
Minha reação quando eu olhei pra ele, em cima do telhado da minha casa, com cara de ladrão fugindo, olhando para todos os lados, e claro, com todo aquele barulho de polícia cercando ele, foi simplesmente:
– O que você tá fazendo aí em cima do meu telhado, “mano”?
Evidentemente, no segundo em que eu bati o olho nele, e com aquele barulho todo da polícia, às 5:25 da manhã, estava absolutamente claro o que ele tava fazendo, pisoteando todas as minhas telhas. Mas foi o que saiu da boca naquela hora.
Ele correu mais um pouco, até a ponta do telhado, e parou.
E eu, olhando de baixo, gritei um ou dois palavrões pra ele, que de lá de cima, agora agachado, se preparava para pular para outro lugar. Na verdade, acho que foram uns cinco palavrões. Pois bem, em resumo, deixei claro para o invasor, que eu não ia servir um café para ele, naquelas circunstâncias.
Foi então, que ele pulou para o terreno da Fepasa, antiga estação ferroviária, que fica entre a minha casa e o Corpo de Bombeiros do centro de Bauru/SP, deixando minha família e minha vida.
Depois de algum tempo, olhei no relógio e já eram 5:33.
Não sei o que aconteceu depois, com o ladrão e com a polícia. Voltei para o computador, sentei e escrevi sobre a cena.
Pensei no lado do ladrão, do policial, e no meu também, afinal, por alguns momentos, eu acabei inserido naquela situação de perigo que não me dizia respeito. Os bichos, voltaram a dormir, e eu, demorei para pensar em outra coisa. Mas consegui. No fim, tudo vira história, depois que o tempo se acaba. Quando você vê, já passou.
É vida que segue. As águas sempre encontram seu caminho. Já os seres humanos, nem sempre.
Paul Sampaio, em 12/11/2021 – 07:11 * História verídica, que aconteceu exatamente neste dia, horário e local.