Hoje pela manhã no Brasil, acordei com as notícias que vinham de Dallas, e logo sintonizei as TVs estadunidenses para ouvir deles mesmos sobre o protesto pacífico contra o racismo, e duas mortes de cidadãos negros por policiais brancos naquele país, que acabou com a morte de cinco policiais, e com a hospitalização de outros seis, feridos pelo ataque de um grupo de atiradores de elite, reeditando a cena que tirou a vida do presidente J.F. Kennedy em 22 de novembro de 1963, na mesma cidade de Dallas, Texas, a poucos quarteirões do local onde os policiais foram atingidos ontem à noite, 7 de julho de 2016.
Escuto os jornalistas americanos e seus entrevistados, e não consigo acreditar no que ouço.
Depois de malucos entrarem em escolas matando crianças, adolescentes, mulheres e idosos, e diversos outros casos de civis enlouquecidos matando multidões de inocentes em locas públicos com armas automáticas e metralhadoras, que podem ser compradas nos EUA com a mesma facilidade que se compra um sorvete, jornalistas e políticos ainda falam que o problema não está na quantidade de armas, nem no racismo ou na intolerância religiosa e de classe. Todos os republicanos e muitos democratas também, acreditam que o problema está na ‘anarquia’ que existe dentro de ‘alguns’.
O presidente dos EUA, Barack Obama fez um pronunciamento correto, apontando a precipitação dos policiais brancos nas abordagens dos jovens negros mortos nos últimos dois dias, e foi severamente criticado pelos brancos republicanos, que não querem enxergar o racismo ainda latente em várias camadas da sociedade americana. Após a morte dos policiais, Obama também ficou bastante abalado perante as câmeras e o microfone, e também repudiou esse mais novo massacre, a que chamou de ataque ‘calculado e desprezível’. Todavia, não muda nada.
Em época de campanha eleitoral, políticos, indústrias, empresas e outros segmentos, usam tragédias assim para se beneficiarem de alguma forma, e nada de eficaz é feito para evitar futuros massacres.
Não resolvem as questões sociais da Nação, que enlouquece mais a cada dia, e não param de vender mais armas, em um país que já tem uma arma para cada habitante, e querem mesmo assim, que o ódio desapareça.
Veneram a liberdade para fazer qualquer coisa, a ponto de permitirem desde o culto ao Nazismo, até a venda de armamento de guerra para civis nos quatro cantos do país, como as AR-15 tão usadas nos massacres mais recentes. E ainda assim, querem que o ódio desapareça.
O conflito racial e as mortes mais recentes de jovens negros, uniu brancos, orientais, os próprios negros e gente de todas as raças nas ruas de Dallas, para dizerem em voz alta que ‘a vida dos negros importa’; em inglês disseram muitas vezes: black lives matter. E de repente, como aconteceu com Kennedy, balas surgiram de lados diferentes, do alto e do chão, e uma chacina de policiais se deu.
Vários setores do submundo da política, de grupos religiosos e terroristas se beneficiariam com a chacina, e por isso, ainda é difícil imaginar de onde partiu a ofensiva, neste momento.
Contudo, é fácil dizer, que a causa está bem mais além do ‘massacre americano’ de ontem.
Banalizaram a morte pelas guerras em terras estrangeiras, e agora fazem isso em seu próprio solo também.
Estão doentes. Precisavam começar um tratamento imediatamente, porém, se conheço bem a História dos Grandes Impérios, os EUA estão experimentando seu momento de cegueira total, e não existe prova mais cabal disso, do que o candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump. Seu discurso de ódio seduz milhões naquele lugar.
Já estive nos EUA em duas oportunidades diferentes, e fiz muitos amigos. E o que eu posso dizer é que, como qualquer outro lugar do mundo, a ‘América’ tem pessoas decentes e humanas de verdade, e pessoas que ainda vivem do ódio e da desgraça dos outros, infelizmente. Somos todos homens e mulheres do mesmo jeito, no final das contas.
Tudo isso é muito triste. Afeta a todos. Reflete em todo Planeta.
E só piora quando penso que o Brasil, não está tão melhor assim. Talvez sejamos apenas, um EUA em desenvolvimento.
Paul Sampaio – Autor