Boas memórias tenho das salas de aula, e muitas foram elas.
Século XX, década de 70, mãe solteira, trabalhava fora e eu,
Começava meu caminho pelo universo das letras, logo no maternal.
Lembro da ansiedade antes do início, e do chororô do primeiro dia.
Escola, um monte de gente estranha, um novo mundo que dá medo em qualquer um.
Mas rápido me adaptei e me dei bem.
Mestres, amigos e a saudável competição de memorização de conteúdo.
Vim à Terra com certos privilégios, acho.
Nunca foi difícil prá mim entender e guardar conhecimento.
Dispendiava esforço, é claro, mas até isso trazia prazer ao desafio.
E assim, foi indo, até o momento das primeiras atividades de criação.
Foi ali então, que as coisas realmente tomaram forma.
Havia enfim, encontrado minha maior aptidão: o exercício da imaginação.
Nada na vida vem sem custo na escolha.
Estimular tal área me traria emoções singulares.
Apesar de me sentir bem entre meus pares,
Acabei também, por encontrar a solidão,
Espaço preferido dos seres que saltam da realidade prá ficção.
E não é que tudo valeu muito a pena ?
Quem diria que num certo momento do caminho eu viraria o professor ?
O professor é aquele que antes de mais nada, já foi aluno.
Já teve dificuldade e facilidade para aprender alguma coisa,
Que já teve colegas que sabiam mais e outros que sabiam menos.
Já fez bagunça e passou vergonha por uma atitude impensada.

Que já se divertiu nas festas fora da aula,
Já namorou coleguinhas,
E já fez muita prova.
É … só que agora, quem está à prova é ele: o professor.
Será que soube aproveitar tudo o que viu para ser bom ?
Justo. Imparcial. Paciente. Carinhoso. Disponível. Sábio ?
Principalmente, será que tem vocação para ser um mestre ?
Um segundo pai, uma segunda mãe ?
Porque é exatamente isso que ele é.
Um reformulador de pensamentos.
Um transformador de personalidades.
Aquele que deve trazer o outro ao eixo.

Nem sempre consigo o reconhecimento do discípulo.
Muitas vezes, o ensinamento dói.
Melhor ainda, é quando enxergo no olhos marejados desse, a alegria do agradecimento.Mas quão gratificante é, ver que pude contribuir com o crescimento de meu semelhante.
Poderia ser várias coisas nessa vida.
E na verdade sou.
Só que, se me perguntam …
Surgi do coração mais do que uma resposta. Vem à tona minha profissão de fé.
E assim digo: que minha maior satisfação e sentimento de realização,
O que sei fazer com mais amor.
É ser Educador.
Paul Sampaio
Sexta-feira – 12/02/2010 -11:29
