Nessa vida já fui mendigo e já fui playboy.
Filhinho de mamãe e arrimo de família.
Fui estudioso e alcoólatra … generoso e agressivo,
já morri de medo várias vezes, mas também
já enfrentei gigantes.

Mas a vida nunca pareceu ser tão rica de situações assim,
entre o tempo em que estudei, e depois, o tempo que lecionei, e fui comunicador,
tudo parecia muito chato, tedioso, monótono.
Nunca conseguia ser feliz no mundo dos vícios e dos prazeres terrenos.
Da sarjeta, inconscientemente acho eu, só quis trazer mesmo, minha esperança no futuro.
Em experiências de vida assim, entre os abismos da fartura, e da escassez total,
não há política, não há cidadania, não há educação, e muito menos saúde, é claro.
Na morte do pobre, o Estado ainda nos trata como nada, como ninguém, como estatística.
E depois que vivemos como estatísticas nas ruas, o mundo se torna outro.
Um mundo que a maioria de vocês que está lendo isso agora, não conhece e não entende.
Não aceita e até repudia.
Porque o mundo dos esquecidos que produz os miseráveis, criminosos, loucos e pessoas perigosas ou inúteis de todo tipo, é um mundo podre e pobre, claro.
De pobres e podres, e somente para os podres e pobres.
Aos olhos de todos, um mundo de fracassados, de odiados, de bestas com chifres pontudos.
Um mundo avesso ao mundo bom. Um mundo a ser esquecido e escondido de todos.
Feliz aquele que um dia teve a miséria como professora, e que a ela conseguiu sobreviver.
Quando o medo de morrer acaba, uma vida muito poderosa ocupa o espaço onde o medo ficava.
E para toda situação bizarra da vida, que coloca a todos em pânico total … nós … parecemos meio indiferentes até.
Afinal de contas … infelizmente … já vimos de tudo.
Afinal, SOMOS esse mundo – o mundo do outro lado do mundo.
Não só oprimidos, como empilhados.
Contudo … ainda regamos nosso jardim.
E vez ou outra, ouvimos falar de alguém que conseguiu escapar.
E se tornou ALGUÉM também …
lá no mundo dos que vivem
… e não apenas SOBREvivem.
E ter conseguido trocar o cachimbo de crack pela escrita e pela comunicação mais uma vez.
não faz de mim um homem melhor do que os outros também.
Apenas mais calejado.
Contudo, me faz sim, mais extraordinário do que nunca.
Afinal, o mundo dos normais, sempre será parado demais, para aqueles que foram capazes de sobreviver às maiores tempestades.
Os normais não costumam entender essa ENERGIA.
Costumam ligá-la à providência divina ou maligna. Mas nunca com a superação.
Porém, do céu só cai chuva.
A vida … é puro trabalho árduo.
E o mais rápido que aceitamos essa realidade, mais rápido chegamos a esse poder, essa força, essa energia que todos querem ter, mas que só o merecimento entrega.
Paul Sampaio – 13:55 – domingo, 9 de novembro de 2014
* p.S.: para aqueles que me perguntaram em secreto, e os outros que ainda não sabem: sim, esta é uma poesia autobiográfica.
Tudo isso aí, sou eu. Não é ficção, ou uma história que aconteceu com alguém, como com o menino da fotografia deitado no chão da rua, ao lado da vitrine de brinquedos e livros, ou esta acima … chinelos de um Ser Humano Africano feitos de garrafas ‘pet’.
Africanos que são a espécie viva que mais sofre nas mãos da (Des)Humanidade, depois dos animais de corte e da nossa própria mãe Natureza.
Descrição do vídeo ► Minha Alma ( A Paz Que Eu Não Quero ) [Eletronic Video Sing] – O Rappa
